Editorial

Uma década na estrada.

Uma década na estrada.

EDITORIAL

Como todos sabemos, o nosso Brasil é um país de grandes distâncias entre os centros produtores e os centros consumidores. Vivemos num continente que se estende do pampa ao coração da grande floresta, das planícies litorâneas aos planaltos pré-cordilheira. Nesse cenário geográfico o transporte de bens e pessoas é um processo complexo que precisa de ciência, planejamento e políticas de longo prazo. Infelizmente esses atributos não fazem parte da cultura brasileira de gestão de políticas de infraestrutura.

Nesses 10 anos de trabalho diário a Shoptrans presenciou e noticiou grandes evoluções em várias áreas do setor, onde muita tecnologia foi incorporada na vida de todos os profissionais que atuam no transporte. Veículos e implementos mais seguros e inteligentes, sistemas de gestão e comunicação acessíveis a todo tamanho de empresa, consumidores de transporte informados e exigentes, novos acessos ao consumo e a logística. Infelizmente os itens relacionados a infraestrutura pública retrocedeu no período. A insegurança nas rodovias só fez crescer. Roubos de veículos e cargas são uma constante, policiamento rodoviário inexistente, as poucas balanças sucateadas, rodovias em péssimo estado, sinalização antiga e ultrapassada. Como se vê, o que cabe aos poderes públicos precisar mudar.

Essa visão crítica das mazelas do setor, não deve nos deixar menos otimista em relação ao futuro. O setor de transporte é um dos itens críticos para o sucesso de uma economia brasileira mais competitiva globalmente. Pela importância do setor, governos e administradores públicos terão que mudar esse quadro. A questão é em quanto tempo e como será feito, pois no curto e médio prazo não haverá recursos públicos para investimento.  Será necessário mudar a matriz. Os governos precisarão contar com a iniciativa privada. Para isso vão precisar mudar regras, criar mecanismos de parcerias, etc.

Os próximos 10 anos serão decisivos para o setor. A Shoptrans vai estar participando desse futuro de forma ativa. Nossa expectativa é que ao completarmos 20 anos no mercado, tenhamos uma outra realidade, onde o estado seja um ente capaz de prover políticas de infraestrutura inteligentes e eficientes. Que a sociedade seja ainda mais crítica e participativa em relação ao tema. Que isso seja assunto de debate público permanente, e com grande peso nos pleitos eleitorais. Quando todos tiverem consciência do peso do custo de uma infraestrutura ineficiente na vida de cada um, nossos governos terão outra postura em relação ao assunto.

Todos somos consumidores de transportes e todos temos uma percepção pessoal sobre o assunto. Quem usa transporte público ou aqueles que utilizam rodovias e avenidas, aqueles que compram na fruteira da esquina ou no shopping, aqueles que não enxergam o estoque de produtos e compram pela internet, aqueles que almoçam na rede de fast food e aqueles que compram seu pão na padaria do bairro, aquele que compra seu celular na galeria ou seu remédio na rede de farmácias, os que compram sua calça jeens na loja de griff ou aqueles que compram a tinta da reforma da casa. Se todos pensassem quanto custo está sendo pago pela ineficiência, pelo consumo de combustível acima do necessário, pelo alto índice de manutenção do veículo que fez o transporte, pelo custo do seguro que foi pago pela insegurança, pelo tempo perdido no trajeto, pelo custo das vidas que se perderam, pelas horas de trabalho perdidas dentro do ônibus, a infraestrutura de transporte seria muito melhor no Brasil.

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