Trânsito

Tecnologia estimula uso de transporte público e reduz congestionamento.

Tecnologia estimula uso de transporte público e reduz congestionamento.

Estudo mostra melhoria do trânsito em cidades chinesas; conexão de bicicletas com estações de metrô e ônibus contribui para menos carros nas ruas.

A 4ª edição do Relatório sobre o Tráfego Urbano das Principais Cidades Chinesas, realizado pelo Centro de Pesquisa de Tráfego Sustentável, mostrou, pela primeira vez desde o início do mapeamento em 2014, redução no índice de congestionamento urbano em 80 das 100 cidades estudadas na China. Em algumas delas, essa diminuição chegou a 8%, na comparação do segundo trimestre deste ano com o mesmo período de 2016. O relatório mostrou ainda queda de 3,6% do congestionamento quando comparado com o mesmo período de 2015.

O resultado é atribuído à consolidação dos aplicativos de táxis e carros executivos, à difusão de tecnologias que passaram a oferecer novos serviços e meios alternativos de locomoção nos grandes centros urbanos e à revolução dos serviços de bicicletas compartilhadas. Tudo isso tem estimulado a opção pelo transporte público. A redução dos congestionamentos também está aliada à constante expansão das linhas de metrô e ao desenho inteligente das linhas de ônibus, que utilizam modernas ferramentas de mapeamento.

O centro de pesquisa que realizou o estudo foi fundado pela Mercedes-Benz e pela Universidade de Tsinghua, e o estudo foi feito em parceria com o Gaode MAP, Alicloud, OFO Bike-Sharing e com o Departamento de Pesquisa do Instituto de Tráfego e Transportes da China.

Depois da introdução do Bike Sharing, cerca de um terço (34,7%) das pessoas pesquisadas afirmaram que usam o próprio veículo como principal meio de transporte. Em 2016, o percentual era bem maior, 57,1%. Em Pequim, houve 60% de melhora do tráfego nas regiões próximas às estações de metrô durante os horários de pico e de 4,1% na cidade como um todo. De acordo com os pesquisadores, os aplicativos facilitaram o acesso dos passageiros aos táxis, que, por meio do celular, conseguem chamar os motoristas mais próximos, e as bicicletas encurtaram a distância dos usuários até as estações de metrô ou de ônibus.

O diretor do Escritório da CNT na China, Luiz Eduardo Vidal Rodrigues, informa que, entre os usuários de aplicativos Bike Sharing, 56,1% passaram a usar a ferramenta para se deslocarem até a estação de metrô e 21%, até a estação de ônibus.  “Segundo o estudo, a redução do congestionamento se deu, basicamente, pela opção de parte da população em deixar seus carros na garagem e utilizarem o transporte público. Isso foi diretamente influenciado pela comodidade de chamar um táxi pelo smartphone e pela facilidade de alugar uma bicicleta para rapidamente chegar à estação de metrô ou de ônibus mais próxima.”

Atenta a essas informações e diante da consolidada utilização de aplicativos de táxis no Brasil, a CNT, por meio de seu escritório em Pequim, participou recentemente da Feira Internacional de Bicicletas e Veículos Elétricos (Beijing International Bicycle & Eletric Vehicle Exhibition) e também foi realizada uma reunião com a Bluegogo, uma das maiores empresas chinesas que disponibiliza o serviço de locação de bicicletas.

“Buscamos compreender melhor a aplicabilidade dessa nova tecnologia no cotidiano dos grandes centros. O sistema dock-less das bicicletas foi o fator catalizador que permitiu a eclosão da revolução do Bike Sharing na China. Esse sistema utiliza um cadeado eletrônico no para-lama da bicicleta.  É possível localizar a bicicleta mais próxima pelo mapa do aplicativo, desbloqueá-la por meio da leitura de um QRCODE, permitindo, assim, ao usuário ir diretamente do ponto A ao ponto B sem se preocupar em encontrar uma estação fixa livre para estacioná-la”, diz Rodrigues.

A diretora da Bluegogo, Denise Wu, afirma que 70% de seus usuários utilizam o serviço como “the last mile” ou o último quilômetro, que conecta o usuário do transporte público ao seu destino. “Isso confirma o resultado do estudo do centro de pesquisa e coloca o serviço da bicicleta como complementar ao dos ônibus, metrôs e trens urbanos na China”, avalia do diretor do Escritório da CNT na China. 

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