Logística

Transporte aéreo individual - pedalando pelos céus das cidades.

Geoffrey Barnett cresceu nos subúrbios de Melbourne, na Austrália, e desde cedo ganhou duas paixões: viajar de bicicleta e construir “engenhocas” no barracão da sua casa. Depois de se licenciar em Artes foi viver no Japão, trabalhando como professor de inglês. Foi na irrequieta Tóquio, emergido entre os seus 35 milhões de habitantes e enquanto assistia à lentidão do trânsito rodoviário, que uma ideia começou a confluir à sua cabeça: e se fosse possível “pedalar” sobre todo aquele caos de asfalto e motores através de um sistema interligado por trilhos suspensos?

Diz o poeta que “o Homem sonha, a obra nasce”, pelo que Barnett não se fez rogado e seguiu-o à letra. Quando regressou à Austrália, começou a trabalhar num modelo que colocasse em prática a sua ideia. Ao fim de seis anos, divididos entre o desenho e teste de vários protótipos, o primeiro exemplar do Shweeb ficou pronto.

Projetando a aplicação deste projecto numa cidade – enquanto o viajante pedala no Shweeb, até ao seu destino, ele poderá ler, falar ou escrever ao celular, ouvir música e até ver televisão dentro da cápsula. Basta programar o seu local de destino no software do veículo e este tratará de tudo. A única coisa que terá de fazer é pedalar um pouco, nada mais.

Mais promissor ainda, o usuário poderá apanhar este transporte quando quiser e sem filas de espera, numa das estações construídas para isso, deixando assim de estar dependente de horários fixos. Cápsulas à sua espera não faltarão.

Perante estas promessas futuristas, será que está aqui o adeus ao stress nos automóveis e nos transportes públicos?

A zona turística da Rotorua, na Nova Zelândia, tornou-se um lugar ideal para mostrar e experimentar a tecnologia do Shweeb. Apesar de ainda só ser usado por quem procura o turismo de aventura, a verdade é que a reação das pessoas é importante para aperfeiçoar a tecnologia para um ambiente urbano.

A aerodinâmica e os mecanismos do Shweeb foram concebidos de modo a maximizar a sua eficiência, eliminando as fontes de atrito, fazendo com que pedalar pelos trilhos aéreos não custe quase nada. Deste modo, e tal como Barnett explica, uma pessoa média consegue, facilmente, manter uma velocidade de 20 a 30 quilómetros por hora ao longo de um extenso período de tempo. Como alternativa, poderá usar-se electricidade para fazer mover a cápsula, dessa forma nem tudo terá de estar dependente do esforço humano. O objetivo não é, portanto, fazer os seus usuários suarem.

A grande dúvida passa por saber se este projecto, na sua componente de transporte urbano, poderá ser aplicável, em larga escala, às grandes cidades. Embora, qualquer resposta a esta pergunta é prematura, apesar de existirem questões importantes que carecem de respostas certas e rápidas.

Por exemplo, o que fazer com uma população urbana que é cada vez maior, a nível mundial? Em 1950 o número cifrava-se nos 700 milhões de habitantes (30% da população mundial), em 2010 chegou aos 3,5 bilhões (50%), para 2050 estima-se que alcance os 6,4 bilhões de pessoas (70% vivendo nas cidades). Ou seja, como será que se deslocarão os habitantes das hiperpovoadas cidades do futuro?

Talvez a solução consista em flutuar (Shweeb) pelos céus de cidades como Nova Iorque, Londres ou Tóquio.

Fonte: obviousmag.org

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