Caminhões

20 indiciados no golpe da clonagem de caminhões do Exército.

20 indiciados no golpe da clonagem de caminhões do Exército.

Numeração do chassi de veículos militares que não são emplacados era usada na fraude. Caminhões roubados tornavam-se regulares dessa forma.

De acordo com a investigação, o esquema de clonagem copiava o número do chassi de veículos militares e tinha envolvimento de Centros de Registro de Veículos (CRVAs) de várias cidades do Rio Grande do Sul. A polícia civil gaúcha indiciou 20 pessoas por envolvimento nesse esquema que legalizava caminhões roubados, furtados e clonados com o uso de numeração do chassi de veículos do Exército. O inquérito terminou com 26 caminhões apreendidos. Todos tinham numeração adulterada. Deste total, 11 veículos foram identificados como roubados. 

“Dentre esses criminosos indiciados, temos um despachante conveniado ao Detran, um ex-vistoriador de CRVA do Detran, dois vistoriadores ainda trabalhando como vistoriadores do Detran. O resto eram empresários, familiares e pessoas que trabalham da forma mais ampla para essa organização criminosa”, relata o delegado Marco Guns.

A assessoria de comunicação do Departamento Estadual de Trânsito (Detran) informou que o órgão trabalha no recolhimento de provas para abrir processo administrativo. Dos três indiciados que atualmente tem relação com o departamento, dois vistoriadores foram afastados assim que tiveram a prisão determinada pela Justiça. No caso do despachante, se ficar comprovada a participação no esquema, ele vai ser descredenciado.

Como funcionava
Segundo a polícia, esse esquema pode ter movimentado R$ 11 milhões em prejuízos diretos, considerando o registro fraudulento de 41 veículos, segundo a investigação.

De acordo com a polícia, criminosos tinham acesso ao número de chassis de caminhões militares, depois roubavam veículos semelhantes, e trocavam a numeração. Então tinham um clone de um caminhão regular, com isso o veículo voltava ao mercado e a circular normalmente. Veículos ainda não emplacados ou que seriam exportados para fora do Brasil também tiveram a numeração de chassi usada para esquentar carros roubados.

O esquema foi considerado sofisticado pela polícia gaúcha, já que muitos dos veículos do Exército não rodavam pelas ruas e estradas, além de não serem emplacados, dificultando a identificação das clonagens.

Pelo tamanho do banco de dados encontrado com os golpistas, esse golpe pode ser maior que a frota de caminhões irregulares identificados. Conforme as investigações, os criminosos tiveram acesso aos números de chassis de caminhões adquiridos pelo Exército Brasileiro no período de 16 anos, totalizando 15.473 veículos.

A somatória dos prejuízos leva em conta a vítima que teve o veículo furtado, e também as pessoas que compraram os veículos já clonados, sem ter conhecimento da fraude.

Ao todo, 19 pessoas que fazem parte da célula gaúcha da quadrilha foram identificadas. Elas teriam sido os responsáveis pelas 41 adulterações de caminhões identificadas ocorridas desde 2005, com atuação mais frequente no Sul do estado, nas cidades de Pelotas, Canguçu, Rio Grande e Ibirubá.

O esquema contava, ainda, com a conivência de funcionários e ex-funcionários dos Centros de Registro de Automóveis (CRVAs), uma vez que a vistoria poderia identificar a fraude, conforme esclarece a própria Polícia Civil.

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