Editorial

Direção econômica e ecológica depende de técnica e racionalidade.

Direção econômica e ecológica depende de técnica e racionalidade.

A notícia sobre a economia no consumo de combustível que a transportadora americana UPS alcançou ao estudar rotas e hábitos de direção de seus motoristas, criando regras e procedimentos como, por exemplo, estabelecer que seus veículos “nunca devem dobrar a esquerda”, e que somente com essa regra a empresa economizou 38 milhões de litros de combustível, no obriga ao questionamento sobre a consciência que temos sobre nossos hábitos de direção, e o resultado disso para o meio ambiente e para nosso bolso. Segundo dados da própria UPS essa economia no consumo representou uma redução de emissões de 20 mil toneladas de dióxido de carbono.

Dirigir é um hábito que, por característica apresenta muitos procedimentos repetitivos, torna-se instintivo e automatizado até mesmo para motoristas profissionais, e devido isso permite que uma centena de variáveis humanas tenha interferência no transcorrer desse ato. Como a execução do ato de dirigir é também uma atividade social altamente interativa e carregada de fatores humanos, com interferência de variáveis emocionais e culturais, pode-se concluir da importância social e para o meio ambiente, da aplicação de técnicas de direção consciente. Se todos os motoristas tivessem consciência do impacto que seus hábitos de direção resultam, com certeza o ato de dirigir seria mais racional. Com isso apresentado resultados sociais e ecológicos muito superiores aos verificados em nossa sociedade na atualidade.

Milhões de vidas podem ser economizadas e, o custo social da tragédia que é o trânsito atualmente no mundo, especialmente no nosso Brasil, poderia ser muito menor. Para mudar essa realidade é necessário que os fatores que envolvem esses resultados sejam estudados permanentemente e transformados em novas técnicas, que por meio da educação sejam aplicas na grande empresa que é um país, uma sociedade. O fato da atividade de direção tornar-se um ato automatizado durante seu desenvolvimento não justifica que esse ato seja praticado de forma inconsciente pelo motorista, pois dirigir não é uma necessidade fisiológica pessoal. Por isso o ato da direção e os maus hábitos que temos durante essa prática, não podem ser justificados pela falta de consciência que decisões e práticas erradas trazem como consequência para as pessoas, a sociedade e para nosso planeta.  Quem desenvolve atividades profissionais ao volante necessita tratar essa atividade como qualquer profissão que precisa de constante atualização e melhoria contínua. Pessoas e entidades responsáveis por essas atividades, tais como empresários do transporte e entidades sociais que regulam normas de trânsito e de concessões de “licenças para dirigir” precisam cada vez mais aplicar técnicas profissionais de gestão de melhorias para que os resultados que estão aí nas ruas sejam diferentes.

A evolução do estado das coisas de um estágio inferior para um superior precisa de estudo e implantação de novos procedimentos, novas técnicas. O caso da UPS, pode ser um exemplo do quanto se pode ganhar com a análise de procedimentos, correções de práticas e implantação de melhorias de processos. O ato de dirigir, embora de grande interação com fatores humanos subjetivos, como estado emocional, cultura de respeito, consciência social e ambiental, precisa ser amparado pela técnica e pela razão. Cada um que usa o espaço público para deslocar-se, seja por qual meio for, merece que esse ato seja de grande consciência para o bem de toda a sociedade e para o meio ambiente. Os recursos sociais e ambientais que são desperdiçados hoje, devido a falta de um ato de dirigir consciente e racional, serão cobrados no futuro. Os custos também podem ser sentidos no bolso de cada um no dia a dia das ruas. Tanto empresas de transporte, como profissionais que exercem suas atividades profissionais ao volante, podem ser uma UPS, cada uma na sua dimensão. Para que isso possa ocorrer basta que implantem novos comportamentos, novos procedimentos, mas acima de tudo compreendam que só se evolui com consciência de atitudes erradas e práticas antissociais, antieconômicas e anti-ambientais. A razão é a senhora da vida humana. Atos instintivos e inconscientes é a expressão da vida rudimentar e sem evolução, reservada a seres inferiores ao “ser humano”. 

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