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Ciência tem papel fundamental na construção da sustentabilidade urbana.

Ciência tem papel fundamental na construção da sustentabilidade urbana.

Evento na UFSCar aproxima academia das políticas públicas. Pesquisadores já podem submeter resumos. 

O conceito de sustentabilidade urbana defende que as cidades devam ser analisadas como um sistema integrado. O transporte, por exemplo, deve ser entendido em conjunto com as políticas de uso do solo e considerando questões ambientais. Em alguns lugares do mundo esse conceito é aplicado de forma exemplar. Não é o caso do Brasil. Em nome do progresso, muitas cidades brasileiras degradam boa parte do meio ambiente onde se localizam. Diariamente, o ar e os rios são poluídos e árvores são desmatadas ao mesmo tempo em que continua grande o déficit em infraestrutura urbana no País, seja na área de transportes, drenagem, tratamento de esgotos ou lixo. E a população mais vulnerável é a que mais sofre, já que as políticas de inclusão não têm conseguido a eficácia necessária.

Para o professor Alex Kenya Abiko, docente em Gestão Urbana e Habitacional na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), a ciência tem um papel fundamental na conscientização das instituições políticas brasileiras em relação aos problemas enfrentados nas cidades, seja elaborando diagnósticos precisos, gerando informações e propondo políticas que sejam eficientes, inclusivas e compatíveis com os recursos financeiros, tecnológicos e naturais existentes. Porém, no Brasil, segundo o especialista, a distância entre a academia e os gestores públicos é grande, o que não contribui para a adoção de novas tecnologias urbanas eficientes e de custo adequado.

"Infelizmente observamos no País a adoção de tecnologias urbanas que ainda não foram suficientemente testadas", lamenta o professor Abiko. Para o pesquisador, outra grande dificuldade relativa à sustentabilidade urbana é fazer a sociedade entender que esta é uma questão importante. "A academia precisa fornecer informações embasadas cientificamente que contribuam para que todos possam compreender a importância das cidades se desenvolverem de modo sustentável", defende.

Segundo Abiko, a articulação da comunidade científica brasileira e internacional poderia contribuir mais para o desenvolvimento de novas tecnologias urbanas se a interação fosse maior. "A comunidade científica internacional é mais respeitada e ouvida pelos gestores públicos de seus países, o que faz com que as novas tecnologias urbanas e as técnicas de gestão pública estejam mais avançadas por lá. Há experiências exemplares em alguns países quanto aos sistemas de transporte, coleta e tratamento de lixo, drenagem, dentre outros", lembra o docente.

SINGEURB - Com o objetivo de incentivar a produção científica e tecnológica na área de sustentabilidade urbana e fomentar o debate, de 25 a 27 de outubro de 2017 acontece na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) o I Simpósio Nacional de Gestão e Engenharia Urbana (SINGEURB), com o tema "Cidades e Objetivos do Desenvolvimento Sustentável". Por meio das atividades que compõem a programação, que será divulgada em breve, pretende-se aproximar o meio acadêmico dos principais atores e operadores das políticas públicas, criando uma sinergia para que ambos os lados se beneficiem. O professor Alex Abiko já confirmou presença. “O SINGEURB é uma importante oportunidade de conhecer o que de mais atual está sendo produzido em engenharia urbana no País e também para os pesquisadores divulgarem seu trabalho a um conjunto importante de especialistas nesta área de atuação”, afirma o docente.

Os interessados em apresentar projetos técnicos e científicos nas áreas de Gestão e Planejamento Urbano, Transporte e Mobilidade, Saneamento e Recursos Hídricos, Geotecnia e Geoprocessamento, Urbanismo, Habitação e Tecnologias Aplicadas, podem submeter seus resumos até o dia 10 de março, por meio do site www.singeurb2017.faiufscar.com, no qual também é possível encontrar informações sobre inscrições, o cronograma completo e dados sobre transporte, hospedagem, alimentação, lazer e turismo em São Carlos.

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